quarta-feira, 9 de junho de 2010

Momento II

O Guitarrista, empunhando seu instrumento, confundia-se com ele. Notas perfuravam a atmosfera, invadiam os cérebros em sinapses melódicas, era o Ecstasy em cada vaso capilar da massa encefálica, era a inundação de serotonina.

Baquetas cruzavam o ar infinitamente, e o Baterista ditava o tempo do movimento de todos os seres presentes, como o Deus do Ritmo, numa frenesi.

O baixo ressonava e marcava a pulsação que estrondava no peito de cada um e circundava, englobava tudo, num abalo sísmico, como só o Mestre dos Graves sabe fazer.

Os sopros geravam uma inundação auditiva e se uniam na Harmonia que afasta o Céu e o Inferno, formando um Acorde Supremo que, separadamente, jamais seriam capazes de fazer.

O vocalista gritava as vozes de todos, uma voz era todas, todas vozes eram uma, o Uno era igual ao Todo.

Tudo aquilo era um turbilhão de emoção, sons e adrenalina, unidos como um grande sistema circulatório, loucura. O sangue fluia, fervendo, e naquele momento, que durou para sempre, ninguém precisava de mais nada para se sentir bem.

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