segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nada II

Não sou
Não sou um terço do que queria ser
Serei metade daquilo que queria não ser
Sendo apenas uma fração de tudo aquilo que gostaria de ser

Serei médio
Serei "bonzinho"

Serei Nada.

Nada

Sou um homem.
Sou apenas um homem.
Não decido nada no mundo.
Não sou político poderoso.
Não sou artista famoso.
Não tenho eleitores nem fãs.

Sou só um nada no vazio, um corpo no espaço
Massa uniforme e padrão, ouvidos e talvez um baço

Só mais um espécime nessa receita genética.
1/7 x 10 elevado à nona-avos da população nessa eterna dialética.

Faço parte da manada

Faço parte desse nada.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Momento

Fim da tarde, dois amigos sentados no gramado do quintal.
Fitando o Sol, laranja vivo no horizonte poente, derramando suas mechas ruivas sobre a cidade.
O fogo da paz ao longe parecia pedir perdão por tudo que já destruiu desde que o mundo é mundo.
Para aqueles dois, o reggae que ouviam e a cerveja que bebiam lentamente eram apenas acompanhamento para aquele estado de espírito harmônico, e não fatores que o geravam.
O momento era aproveitado ali e na hora. Sem pensar no que era necessário fazer para desfrutar do futuro. Apenas aproveitavam. Apenas sentiam. Apenas eram. Eram apenas.
A pele gozava o vento morno que tateava.
Os olhos bebiam da infinita paisagem estática.

As palavras poucas eram digeridas sem pressa, cada uma repleta de sentido e significado, ao contrário das avalanches de vômito lexical, que nos assediam mentalmente sem pudor, no estonteante asco verbal imperativo que faz nossa sociedade-máquina girar e apodrece a mente.

-Em algum lugar do mundo, o dia deve estar horrível. - ergue a bebida - Um brinde aos nossos estranhos amigos. Que o Sol brilhe para eles outro dia, assim como brilha hoje para nós.

E beberam juntos ali aquele fim de tarde.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Auto Destruição

Larga essa guitarra moleque; e vai estudar
Que isso aí não constrói prédios
Não leva seu país pra frente

Larga esse sonho bobo que te aliena
Que já é hora de crescer

E nem pense em me vir com história de mudar o mundo
Que já te foi o tempo de brincar

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Anestesia ou Vestibular pra que?

A mesa de vidro que reflete o céu
basta para tirar meus olhos do papel
árvores e nuvens dançam ao vento
que leva embora meu pensamento

em cada cor desse mundo, uma desculpa eu invento
para tentar sair desse desalento

mas o azul do céu não me traz compreensão
no pleonasmo que é "guerra em vão"
o verde das folhas não me traz "clareza"
pois o amor vale menos que a esperteza

sábado, 1 de maio de 2010

Nunca vou escrever um poema de amor

Nunca vou escrever um poema de amor
Pois só o amor
Por si só
Pode descrever o que é o amor



ops.