domingo, 4 de outubro de 2009

Somewhere In The Between

5 pra meia noite, entro no banheiro para escovar os dentes. Conforme observo a água ir pelo ralo, começo a pensar nas inúmeras lembranças que acumulei nos meus quase 17 anos de vida.
Em menos de duas décadas se passaram tantas coisas, que dá pra ter noção quão pouco isso é, comparado com o que ainda está por vir.
Penso no meu avô, no hospital.Mais de 8 décadas completas, enfim se aproxima o fim. Há (não) muito tempo atrás, era um jovem que nem eu. Uma vida depois, estamos aqui.
Será que ele se sente realizado? Fossem quais fosse seus sonhos/planos 70 anos atrás,
agora estamos aqui. Filhos. Netos. Família. Como todas, imperfeita. Como nem todas, cercada de amor.
Penos no seu rosto calmo, simpático e bondoso. Incompatível com as histórias que miha mãe contava sobre sua severidade do passado.
Lembro de alguns momentos com ele (nem tantos assim, se parar pra pensar, devido a distância física que nos separa a 10 anos): conversando com mães e professoras quando ia me buscar no jardim de infância, caminhadas no antigo condomínio em Vinhedo, jogar pão pros patos... pequenas coisas, das quais na época eu não tinha a menor noção da importância que viriam a ter dentro de mim.
Conforme fui crescendo, fui me tocando que já não devia restar muito tempo junto dele, e que seria melhor aproveitar ao máximo fosse quanto fosse o período que restasse. Só nunca imaginei que os sinais indicadores da hora final, até pouquíssimo tempo atrás tão sutis, fossem se agravar tão violentamente em tão pouco tempo, e justo na minha ausência.
Espero sem esperança que ele aguente meu retorno. Mas o texto é melhor encerrar por aqui, afinal, lágrimas não servem pra nada.

2 comentários:

  1. Lágrimas de fato não servem pra nada, mas talvez sirvam para exteriorizar a dor que você está sentindo... É um clichê enorme dizer isso, mas pense nesses pequenos momentos que um dia não quiseram dizer nada e os guarde com você. Eu te amo, Zal. E sinto uma falta enorme sua.

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